A curiosa origem das palavras e expressões utilizadas no nosso dia a dia.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Matrioshka

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Matrioshka é um brinquedo tradicional da Rússia constituído por um conjunto de bonecas ocas de tamanhos decrescentes colocadas uma dentro de outra.


O nome Matrioshka é o diminutivo do nome Matryona, que era um nome muito popular entre as camponesas na Rússia antigo.


Algumas fontes dizem que o nome Matryona possui a raiz latina, "mater", que significa "mãe" e portanto esta boneca simboliza maternidade e fertilidade.


Estas bonecas russas são analisadas por especialistas como uma espécie de metáfora para a manutenção da vida, na forma de figuras que vão gerando umas às outras. Partindo da bisavó, passando pela avó, depois a mãe, em seguida a filha e, por fim a neta.


A forma é simples, mais ou menos cilíndrica e arredondada e mais estreita na parte superior, onde se situa a cabeça.


O número de figuras que se consegue encaixar é, geralmente de 6 ou 7, mas existem algumas com um número muito maior. Em 1913, o entalhador Nicolai Bulytchev bateu um recorde original confeccionando uma Matrioshka com 48 peças.


Habitualmente, são pintadas com figuras femininas vestidas com trajes tradicionais campesinos, mas também existem com figuras de contos de fadas, e até mais recentemente com antigos lideres da União Soviética.


Na Sérvia, a versão feminina é chamada de Babuchka (avózinha) e a versão masculina de Dyeduchka (avozinho).


As Matrioshkas surgiram em 1890, o primeiro torneiro que as criou foi Zvezdochkin, e o primeiro que as pintou foi Sergei Maliutin, que trabalhava como pintor numa oficina de artesanato em Abramtsevo, numa fabrica que pertencia ao rico industrial Mamontov.


Em 1900, a esposa de Mamontov, levou as bonecas para serem apresentadas na Exposição Mundial em Paris e este brinquedo ganhou uma medalha de bronze. Logo, muitos outros lugares na Rússia começaram a confeccionar Matrioshkas.


Pensa-se que estas bonecas foram inspiradas num jogo de bonecos de madeira de origem japonesa que representava "Shichi-fuku-jin" (os Sete Deuses da Fortuna), com um formato parecido.


Outros pensam que terão sido inspiradas no bondoso sábio budista Fukurama, representado com várias estatuetas, umas dentro das outras, que a nóra de Mamontov terá trazido do Japão.


Existem actualmente dois museus dedicados às Matrioshkas, um em Moscovo e outro em Serguiev Posad.




Existe uma lenda russa que conta a origem da Matrioshka:


Era uma vez em virtuoso carpinteiro russo chamado Serguei, que ganhava a vida talhando belos objectos de madeira: instrumentos musicais, brinquedos… Todas as semanas, ele enfrentava o frio do bosque para buscar madeira e assim construir novos objectos.


Uma certa manhã ao sair para recolher a madeira, ele encontrou o campo todo coberto de uma grossa capa de neve. À noite havia sido difícil. Ele rezou. Toda a madeira que ele encontrava no caminho estava húmida e só lhe servia para fazer fogo.


Abatido pelo cansaço, ele decidiu voltar à sua casa e tentar a sorte no dia seguinte. Quando ele estava dando meia volta, chamou-lhe a atenção um tronco de madeira esplêndido, o mais belo que ele havia visto em toda a sua vida. Rápido como um raio ele voltou ao seu estúdio, porém vários dias se passaram até ele decidir o que talhar. Finalmente, decidiu fazer uma preciosa boneca.


Era tão bonita, que decidiu não vendê-la para lhe fazer companhia. “Você se chamara Matrioskadisse ele à figura inerte. Cada manhã, ao levantar-se ele falava com sua companheira. “Bom dia, Matrioska” . Um dia, ela respondeu-lhe: “Bom dia Serguei”. O carpinteiro surpreendeu-se, porém ao invés de sentir medo ele sentiu-se feliz por ter alguém com quem conversar.


Com o tempo, o carpinteiro percebeu que Matrioska estava triste e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ela respondeu-lhe que via que todo mundo tinha um filho ou uma filha e ela desejava ter um. “Terei que te abrir e isso será doloroso” – respondeu Serguei.  E ela disse: “Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício”. E sem pensar  duas vezes ele talhou uma réplica, menor e lhe chamou de Trioska. Ela já não se sentia mais sozinha.


O instinto maternal apoderou-se também de Trioska e Serguei concordou que está também teria um filho, que se chamaria Oska. Mas Oska também queria um decendente. O carpinteiro contou que dessa vez a madeira poderia originar uma boneca má. Oska não desistiu.


Após pensar, ele talhou um boneco, bem pequeno e com bigode e batizou-o de Ka. Colocou-o em frente ao espelho e disse: “Você é um homem, não pode ter filhos!


Então colocou Ka dentro de Oska. A Oska dentro da Trioska e a Trioska dentro da Matrioska.


Um dia, misteriosamente, Matrioska desapareceu com toda a sua família dentro e Serguei ficou desolado.





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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Esperteza saloia

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"Esperteza saloia" significa agir de forma manhosa e velhaca.


"Esperteza" vem do latim "expertus" significa que deu provas, em latim medieval "expergitus" referia-se a acordado. Uma pessoa esperta é, por isso, aquela que, por não estar nem a dormir, nem com sono, se apercebe de tudo o que se passa à sua volta.


A palavra "esperta" acabou por significar em português o sentido de inteligente, perspicaz, arguto e no sentido figurado de finório.


"Saloio" designa o habitante natural das zonas rurais do início do século XX em volta de Lisboa, a região saloia. Instalados nas regiões circundantes de Lisboa, os mouros praticavam as "salah", palavra que designa a oração islâmica, sendo em número de cinco diária.


Os que praticavam as "salah" passaram a ser chamados de saloios que viviam da agricultura. Estes aldeões, sem grande instrução, temiam ser enganados pelos da cidade, os "alfacinhas", por isso recorriam sempre a diversas artimanhas para não se deixarem levar.


Estas manobras eram tão simples e tão ingénuas, que frequentemente eram logo desmascarados. A expressão "esperteza saloia" tornou-se depreciativa, sendo aqueles que se julgam mais espertos que os outros.


"Alfacinha" é o diminutivo de "alface", planta hortense e indispensável nas saladas. Tem origem na palavra árabe "Al-Hassa", trazida pelos árabes durante a invasão dos mouros.


Por serem grandes consumidores de alface, os lisboetas foram apelidados de alfacinhas. Esta planta, além de ser utilizada para fins culinários, também era utilizada como planta medicinal.





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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

X-acto

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O "X-acto" é um instrumento constituído por uma lâmina, geralmente retráctil, que se usa para cortar vários tipos de material flexível.


No principio dos anos 1930, um judeu polaco imigrante nos Estados Unidos, Sundel Doniger, concebeu um instrumento de corte, uma espécie de pena afiada, tendo apresentado uma patente em 1959 que foi deferida em 1961.


Este instrumento foi por ele chamado de X-acto, tendo fundado a sua própria empresa com o mesmo nome, que ainda existe actualmente.


O nome X-acto foi criado pelo seu autor com base no adjectivo em castelhano "exacto", cuja pronúncia em castelhano soa igual à pronúncia em inglês para o grupo de grafemas que constitui o nome X-acto.


Ele pretendeu com esse nome incutir a ideia de precisão que se consegue com o emprego desses instrumentos de corte.


Este tipo de instrumente cortante tem várias designações:

- Em Portugal e no Canada é chamado de "X-acto" (e portanto com o nome de uma marca).

- No Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia usa-se "Stanley knife" (nome de marca).

- Em Israel e na Suíça é conhecido como "Japanese knife".

- No Brasil usa-se o nome de "estilete", por vezes "cortador".

- Em França, na Itália, na Índia, na Filipinas e no Egipto é chamado de "cutter".

- Em Espanha além de "cutter", por vezes também se utiliza o nome "cortaplumas".

- Na Argentina e Uruguai é chamado de "trincheta".






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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Carapau de corrida

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"Carapau de corrida" é uma expressão popular utilizada para descrever uma pessoa convencida ou que se julga mais esperta do que os outros. Usa-se habitualmente precedida do verbo armar: "armar-se em carapau de corrida".


Esta curiosa expressão poderá ter origem no facto de que nas lotas o peixe é vendido em leilões invertidos, ou seja começa-se por anunciar o preço mais alto e este vai decrescendo até que um comprador o arremate.


O peixe mais caro, e portanto o melhor peixe, é vendido em primeiro. Para o fim ficam os peixes de menor qualidade.


As peixeiras que compravam esse peixe de fim da lota, e portanto a um preço mais barato, iam a correr até à vila, tentando chegar ao mesmo tempo que as primeiras peixeiras que já lá tinham chegado com o peixe mais caro e de melhor qualidade que tinha sido vendido na lota em primeiro lugar.


As últimas peixeiras chegadas tentavam então enganar os clientes vendendo o seu peixe ao mesmo preço que as restantes. Nem sempre os fregueses se deixavam enganar e percebiam que aquele carapau era "carapau de corrida", de menor qualidade e trazido até á vila literalmente a correr.







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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Bikini

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O bikini é um fato de banho composto por duas peças, a parte cima é um soutien e a de baixo uma cueca triangular bastante reduzida.


No século XVIII as mulheres usavam um vestido de banho com saia e calças por baixo. Nos anos 30 os fatos de banho eram feito de lã e pesavam cerca de 500 gramas e perto de 3 quilos depois de molhados.


Com a introdução do bikini, pela primeira vez as mulheres mostravam o umbigo e toda a região da barriga.


Foi Louis Réard que teve uma ideia revolucionária para aumentar as vendas da empresa de roupa dirigida pela sua mãe: um fato de banho de duas peças.


Como nenhuma manequim profissional estava disposta a a desfilar com o bikini, recorreu a uma bailarina, que costumava actuar nua, para apresentar a sua criação no dia 5 de julho de 1946, na piscina Molitor.


Quatro dias antes, Louis Réard lê a notícia de que os americanos tinham acabado de fazer explodir uma bomba atómica extremamente potente num ensaio no atol de Bikini.


Decide então chamar ao seu fato de banho de duas peças "bikini", na esperança que a sua invenção teria o mesmo impacto no público que teve este teste nuclear. Na altura a energia nuclear ainda não tinha a conotação negativa que viria a ter mais tarde.


O bikini criou um enorme escândalo e foi logo proibido na Itália, Espanha e Portugal. Contudo em 1952, o bispo de Marbella, Rodrigo Bacanegra, convence o general Franco a autorizar o seu uso nessa região espanhola por razões de benefício turístico. Rapidamente o resto da Espanha e depois da Europa seguiu o mesmo caminho.


Nos Estados Unidos o seu uso é proibido nos filmes de Hollywood e nos concursos de beleza. Em 1953, Marilyn Monroe desafia todas críticas exibindo-se ostensivamente em bikini, outras actrizes seguirão o exemplo.


Entretanto, em 1964 o uso do bikini é condenado pelo Vaticano.


O uso do bikini permanecerá proibido nas piscinas alemãs até aos anos 70.


Este tipo de vestuário já era conhecido na antiguidade. Podemos observar nos mosaicos da Villa Romana del Casale na Sicília, a representação de mulheres a brincar usando um bikini.


Em 1963, foi lançado o "monokini" por Rudi Gerneich, composto unicamente pela parte de baixo, mas ainda com umas alças que no entanto deixavam as mamas à mostra.


Se o bikini já tinha provocado um escândalo enorme ao mostrar o umbigo, podemos imaginar o que o monokini terá provocado ao mostrar as mamas.


Foi necessário esperar pelos finais dos anos 60, com os movimento de emancipação das mulheres, para este se tornar comum.


De referir que apesar de monokini ter o prefixo "mono" (do grego "monos" que significa único), isso não faz do "bi" de bikini significar duas peças.


O atol de Bikini faz parte das Ilhas Marshall e o seu nome advém do marshalês aí falado e onde "Bik" significa "superfície" e "ni" significa "coco".







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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Países da América do Sul

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América

Quando Colombo atingiu a América, mais precisamente na parte onde se encontra hoje a América Central, ele achava que tinha chegado às Índias. Por isso, muitos historiadores deram o mérito da descoberta a Américo Vespúcio, por ter sido o primeiro navegador a afirmar e a divulgar, baseadas nas descrições feitas durante a viagem, que as terras que Colombo havia alcançado pertenciam a um novo continente. O prenome do navigador foi deu origem ao nome do continente que foi passado para o feminino por paralelismo com os outros continentes.


Argentina

Espantados pela descoberta de grandes quantidade de minerais, dos quais a prata, e em particular na região do "Rio da Prata" chamaram esta região com o nome inspirado do latim "argentum" (prata).


Bolívia

Aqui o nome deve-se ao general e estadista Simón Bolivar, principal herói da luta pela independência, que em 1825 deu a aprovação necessária para que as províncias do Alto Peru se separassem do Vice-Reinado de Buenos Aires e passa-se a chamar Bolívia.


Brasil

Dada a existência de grande quantidade de uma madeira nobre, a árvore de pau-brasil, de tronco de cor avermelhada, chamada de brasil por lembrar a brasa das fogueiras, utilizada para fazer corante.


Chile

Terá origem na palavra nativa "chilli", usada pelos Aimarás, e que quer dizer "lugar onde a Terra termina", referência à posição geográfica do território, no extremo oeste do continente. Também existe a possibilidade de derivar do idioma Quécha, em que "chilli" que quer dizer "região fria".


Colômbia

Em 1819, foi criada a Gran Colombia, com Simón Bolivar à frente das lutas pela independência e que ocupava o território das actuais Colômbia, Panamá, Equador e Venezuela. Dez anos mais tarde, Bolívar sugeriu que em homenagem a Cristóvão Colombo o território que sobrava, depois da separação dos outros, deveria chamar-se Colômbia.


Equador

Foi assim baptizado com o nome da linha imaginária que atravessa o seu território e corta o nosso planeta a meio. Recebeu esse nome em 1830, na primeira constituição do país. No entanto, muitos países são atravessados por essa linha imaginária. No século XVIII a Academia de Paris queria medir um arco do meridiano terrestre para estudar as dimensões da Terra. Na época a única região considerada civilizada e pela qual passava essa linha era a "Presidencia de Quito" que pertencia à Espanha. Após concluída a missão, a região ficou conhecida como "Tierras del Ecuador".
"Equador" vem do latim "aequis" (igual), numa referência à divisão da Terra em duas partes iguais, os hemisférios Norte e Sul.


Guiana

Esta região era chamada pelos nativos de "guyana" que significa "terra de muitas águas".


Honduras

Vem da palavra espanhola "hondo" (fundo), "honduras" (profundezas). Em 1502, após uma tempestade, Cristóvão Colombo chegou a Trujillo, um local que ofereceu abrigo às suas caravelas, então ele terá dito: “Gracias a Dios que hemos salido de estas honduras ("Graças a Deus que saímos destas profundezas"), referindo-se à profundidade do mar recém-percorrido. O barco foi baptizado de "Graças a Deus" e a região "Honduras".


Peru

Tem origem controversa: há quem diga que vem de um rio chamado "Pelú", nome de um rio descoberto por Vasco Núñez de Balboa e há quem afirme que vem do nome de um importante chefe inca chamado Birú, cuja existência foi relatada a primeira vez em 1514 pelo explorador espanhol Francisco Becerra.
Na língua inca quíchua, a palavra peru significa “terra de riquezas e esperanças”.


Paraguai

A região era habitada por índios chamados "payaguaes", mas a origem do nome pode também vir da língua guarani em que "payaguá" significa "marinheiro de rio".


Uruguai

Em guarani "uruguá" significa "caracol do rio".


Venezuela

No dia 24 de agosto de 1499 ao explorar a América do Sul, Alonso de Ojeda, Américo Vespúcio e Juan de la Cosa, chegaram ao que é hoje o Lago de Maracaibo, onde encontraram nativos cujas casas estavam construídas sobre estacas de madeira fixas no lago (palafitas).
Vespúcio, que era italiano, achou aquelas construções semelhantes às da cidade de Veneza e por isso chamou a região de Venezuela, ou seja, "Pequena Veneza", mais tarde o nome espalhou-se por todo o país.







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Camarões

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Camarões é um país da região ocidental da África Central. O seu nome vem do pequeno crustáceo, camarão, que pode ser marinho ou de água doce.


Em 1472, navios portugueses comandados por Fernando Pó, faziam o reconhecimento da costa africana, ao entrarem no estuário do rio Wuri, ficaram espantados pela quantidade de camarões de água doce. Esse rio passou a chamar-se de "rio dos camarões".


Mais tarde quando a região foi colonizada pelos alemães, o nome mudou para "Kamerun", e depois sob domínio francês para "Cameroun" (sendo que camarões em francês são crevettes) nome conservado depois da independência.


Além do rio, o nome era inicialmente utilizado para designar a actual cidade de Duala, mais tarde foi adoptado como referência a todo o país.


De referir que o termo "camarão" (o crustáceo) vem do latim "cammarus", que por sua vez deriva do grego "kámmaros", que significa "curvo".







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Mediterrâneo

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"Mediterrâneo" vem da palavra latina "Mediterraneus" que significa "no meio das terras", com a junção de "medius" (meio, entre) e "terra".


A palavra "Mar" também vem do latim "mar" ou "maris", mas a sua origem remonta à raiz indo-europeia "mori" que significa laguna, estando presente em línguas de outras subfamílias indo-europeias: "meer" em alemão, "more" em russo ou "muir" em irlandês.


O mar Mediterrâneo tem sido conhecido por nomes diferentes através da história.


Os romanos chamavam-lhe "Mare Nostrum" (o nosso mar), dado que tinham conquistados todas as regiões à volta do mar Mediterrâneo. Ocasionalmente era apelidada de "Mare Internum" (mar interior).


Em árabe era chamado de "Al-Bahr Al-Abyad Al-Mutawassit" ou seja "mar branco do meio".


Em turco, mar diz-se "deniz" e o mar Mediterrâneo é chamado de "Akdeniz" (mar branco), isto porque antigamente os turcos designavam os pontos cardeais por cores.


"Ak" (branco) para o sul (o mar Mediterrâneo fica a sul da Turquia), "Kara" (negro) para o norte (neste caso a origem do mar Negro que fica a norte da Turquia), sendo que "Kizil" (vermelho) designava o oeste e "Yesil" (verde) o leste.






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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lisboa

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A origem do topónimo "Lisboa" é incerta.


Os fenícios instalaram uma feitoria, no século VIII a. C,  no actual local de Lisboa e chamaram-na de "Allis Ubbo" (enseada amena).


Depois foram os gregos. A lenda pretende que foi Ulisses que fundou a vila, no entanto a verdade é que o rei de Ítaca aportou na Andaluzia.



A propósito desta lenda, consta que existia um reino conhecido pelo nome de Ofiusa, um lugar distante, próximo a um grande oceano pouco conhecido. Ofiusa significava "Terra de serpentes". Este reino era governado por uma rainha, meio mulher, meio serpente. Tinha um olhar feiticeiro e voz meiga.


Ninguém ousava por os pés nesse reino, pois seriam comidos pelas serpentes da rainha. Durante muito tempo ninguém se atreveu a entrar nesse reino e os poucos que se arriscavam eram seduzidos pela rainha e nunca mais retornavam.


Um dia, vindo de muito longe, um herói chamado Ulisses aportou na Terra das serpentes. A rainha apaixonou-se por ele e não o queria deixar partir. Ulisses fingiu deixar-se enfeitiçar pelos encantos da rainha. Assim que os seus barcos estavam abastecidos e os seus homens descansados, acabou por se ir embora.


A rainha correu desesperadamente atrás dele e dizem que os seus braços serpenteando atrás do herói acabaram por formar as sete colinas rumando em direcção ao mar.



Mais tarde a cidade cresceu e passou a chamar-se "Olisipo", palavra de origem fenícia, não se sabendo a origem de "oli", sendo que "ipo" significa fortaleza.


A cidade estendia-se desde a colina onde hoje se encontra o Castelo São Jorge até ao rio chamado de "Daghi" ou "Taghi" que significava "boa pesca", actualmente Tejo.


Os romanos, em 205 a.C., mudaram-lhe o nome para "Felicitas Júlia" e mais tarde para "Olisipo Felicitas Júlia". A cidade passa a fazer parte da Lusitânia, tendo como capital Eméritas Augusta (actual Mérida, em Espanha).


Após as invasões dos Alanos, Vândalos,  Suevos e Visigodes, os Árabes conquistam Lisboa sem qualquer luta e chamam-na de Al-Usbuna.


O nome evolui ainda sucessivamente para Lisipona, Lisibona, Lisbona, Lixboa e finalmente para Lisboa depois da conquista da cidade por D. Afonso Henriques em 1147.


Ainda de referir que no período árabe, em frente a Al-Usbuna (Lisboa), na margem oposta do Tejo, erguia-se a fortaleza de Al-Madan, actual Almada.







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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Varina

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"Varina" é a designação que os habitantes de Lisboa deram às vendedoras ambulantes de peixe.


A palavra tem origem nas mulheres que vierem de Ovar para a capital, as ovarinas.


Com o declínio da pesca, sobretudo da sardinha, na zona norte de Portugal, os pescadores foram obrigados a emigrar para zonas mais a sul, tendo-se fixado, muitos oriundos de Ovar, em Lisboa, sobretudo no Bairro da Madragoa.


A varina de canastra à cabeça, assente numa rodilha, a apregoar o peixe comprado na lota ou no cais, é uma imagem iconográfica da zona de Ovar.


Tendo o idioma galego-português permanecido unido até à independência de Portugal, pensa-se que Ovar será o resultado  de "O Var", como o Porto também era designado de "O Porto". Alias os ingleses ainda mantêm a designação de "Oporto".


"Vareiros" são os naturais das terras de Var, hoje designadas por Ovar. Ainda hoje as vendedeiras de peixe miúdo, sobretudo de sardinha, são chamadas de vareiras na zona litorâneo do norte.


Ainda é possível encontrar designações galegas de locais, vilas ou cidades no noroeste da península ibérica: O Viceto, O Barqueiro, A Toxa, A Estrada, A Pedra (mercado típico de Vigo).





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terça-feira, 6 de maio de 2014

Capicua

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Capicua é um número, vocábulo ou frase inteira que podem ser lidos indiferentemente da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda.


A palavra "capicua" tem origem catalã "cap i cua" que significa "cabeça e cauda" e nasceu em Barcelona no final do século XIX.


Por superstição, as capicuas são indicadores de "boa sorte", principalmente no que se refere a datas.


Desde a Grécia Antiga que a matemática vem estudando esses números a que chamam de "palíndromos", palavra grega constituída pelos termos "palin" (novo, em sentido contrário)) e "dromo" (corrida).


Chama-se capicua à jogada decisiva de uma partida de dominó em que a pedra vencedora pode ser colocada em qualquer um dos extremos.


Também se diz de um par de selos impressos de tal forma que um está invertido em relação ao outro (que os franceses chamam de "tête-bêche", que utilizam para definir duas pessoas ou objectos lado a lado mas invertidos, os pés de um encontram-se à altura da cabeça do outro. A expressão deriva do francês antigo "béchevet" (cabeça dupla) com origem na palavra "chef" (cabeça).


Em algumas zonas da América do Sul, capicua é um termo usado para designar os bissexuais.



O catalão, que deu origem à palavra capicua, é uma língua independente, considerada uma ponte entre os romances (latim vernáculo) do território francês e os romances ibéricos.


Existem cerca de 6 milhões de falantes do catalão. O principal centro irradiador do catalão é a cidade de Barcelona. É a língua nativa de três comunidades espanholas (Catalunha, Valência e Baleares), do Principado de Andorra, do departamento do Rossilhão no sul da França e da localidade de Alguero na Sardenha.


Várias palavras portuguesas têem origem catalã:

Arriar (do catalão arriar), Bacio (baci), Beldade (beltad), Capacete (cabasset), Convite (convit), Disfarçar (desfressar), Faina (faena), Nau (nau, através do latim nave), Orgulho (orgull), Pincel (pincell), Retrete (retret "lugar retirado"), Vinagre (vinagre).








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terça-feira, 15 de abril de 2014

Lua de Mel

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A "lua de mel" é o período de celebração privada que sucede ao casamento, por parte de um casal.


Existem várias teorias quanto à origem da expressão "lua de mel", contudo duas serão as mais plausíveis.


Esta expressão baseia-se num costume com mais de 4 000 anos, que terá tido origem na Babilónia, em que durante o primeiro mês após o casamento o pai da jovem esposa oferecia ao genro uma bebida doce à base de cerveja.


Esta cerveja, o "mead" ou "hidromel", era fabricada à base de mel e proveniente da transformação dos açucares do mel em álcool.


Como o calendário era lunar, o consumo dessa bebida por parte do recém-casado durante um mês, chamado "mês do mel", transformou-se na expressão "lua de mel".


O hidromel tinha uma conetação divina por possuir virtudes virilizantes e fertilizantes.



A outra versão para a origem da expressão lua de mel aparece na Idade Média, que por razões de calendário agricola, os casamentos eram celebrados sobretudo durante o mês de junho, em que após semear, os homens dispunham de um períodode baixa actividade em que deviam aguardar as colheitas.


Nesta fase do solstício de verão, nos campos apenas era efectuada a colheita de mel.


É também nas fase do ano que a lua cheia, quando está mais perto do horizonte parece ter um diâmetro maior e uma coloração cor de mel. Este período terá sido assim chamado, quando aplicado aos jovens noivos de lua de mel.



As primeiras citações desta expressão, em 1522, são inglesas "honeymoon", só dois séculos mais tarde é aparece no francês "lune de miel" e mais tarde noutras línguas entre as quais em português.







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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Guardar a sete chaves

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Esta expressão popular significa: guardar algo com muita segurança e sigilo.


Tem origem no século XIII, quando os Reis de Portugal para guardar jóias ou documentos importantes da corte, fechavam-nas num báu com quatro fechaduras e distribuiam as chaves por quatro altos funcionários do reino.


O número sete (em vez de quatro) passou a ser utilizado, na expressão popular, devido ao seu valor místico, passando assim a utilizar-se "guardar a sete chaves".


O sete tem um significado místico nas religiões primitivas, como a babilónica e egípcia. As referências ao sete são numerosas: 7 dias da semana, 7 colinas de Roma, 7 cores do arco-íris,...


A palavra "chave" vem do latim "clavus" que queria dizer "prego", dado que inicialmente as primeiras fechaduras que foram usadas em Roma consistiam em duas argolas, uma em cada aba da porta, e entre elas passava um prego.


O nome de prego ("clavus") mudou ligeiramente para "clavis" que originou a palavra "chave".


Pensa-se que a palavra "clitóris" deriva do grego "kleitoris", cujo diminutivo "kleis" significa "chave".







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Paciente

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Paciente, além de significar aquele que sabe esperar, também designa aquele que está sob tratamento médico ou hospital.


Neste contexto, paciente tem um sentido mais lato do que doente. Paciente é aquele que vai ao médico, que vai fazer exames de rotina, podendo ir às consultas estando ou não doente.


A palavra paciente vem do latim "patientem", que quer dizer "o que sofre, o que padece".


O sentido primitivo pode ser encontrado na gramática, onde se diz na forma passiva, o sujeito que "sofre" a acção do verbo é o "sujeito paciente".


Foi introduzido no vocábulo inglês "patient" no século XIV, proveniente do francês antigo, tendo a mesma origem latina.






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quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ortopedia

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A ortopedia é uma especialidade médica que trata do sistema locomotor e da coluna vertebral compreendendo todos os ossos, articulações, ligamentos músculos e tendões.


A palavra só aparece pela primeira vez em 1741, num livro de Nicolas Andry de Boisregard, já com 81 anos de idade, professor de medicina em Lyon (França): "Orthopaedia: or the Art of Correcting and Preventing Deformities in Children".


A palavra é composta por duas palavras gregas "orthos" (recto, direito) e "paideia" (criança) dado que inicialmente destinava-se à prevenção e correcção das deformidades do corpo das crianças.


No seu livro, relata meios simples que podem ser postos em prática pelos próprios pais para prevenir e corrigir deformidades nas crianças. Ele estava interessado nas deformidades do esqueleto das crianças, que acreditava serem devidas à falta de postura e encurtamento muscular.


O homem prehistórico já aplicava nas fracturas de um membro repouso e mobilização precoce, mais tarde terá utilizado uma tala para estabilizar a fractura.


No Egipto além das talas de bambu, cana ou ou madeira, também já se utilizavam muletas.


Na Grécia antiga, Hipócrates descrevia nos seus livros, "Corpus Hippocraticum", as articulações e até as reduções das luxações do ombro, joelho ou cotovelo. Já tinha uma compreensão completa das fracturas e utilizava os princípios de tracção e contracção, tendo desenvolvido talas especiais para fracturas da tíbia semelhantes às actuais fixações exteriores.


Durante o período romano foram desenvolvidas próteses artificiais: pernas, mãos e pés de madeira e ferro.


Os árabes desenvolveram no século X o uso do chamado gesso-de-Paris, produzido com pó de sulfato de cálcio desidratado e adição de água para produzir um material cristalino duro. As fracturas era assim imobilizadas e cobertas de gesso até consolidação.


Após um período de obscurantismo durante a Idade Média, no século XII foi retomada a dissecação humana e os textos gregos começaram a ser traduzidos do árabe para o latim, até que no século XVI se iniciou uma nova era da medicina com Ambroise Paré, considerado o pai da cirurgia.








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Caramelo

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No século VII a.C. os árabes envadem a Pérsia e ficam com o domínio do cultivo e do comercio da cana de açúcar. Exportam-na para o Egipto, África do norte, sul de Espanha e Chipre.


Ao purificar o xarope de açúcar obtêm um produto escuro e pegajoso ao qual chamam "Khurat Al Milh" (xarope de açúcar) que deu origem à palavra "caramelo" em português, adoptada pelo espanhol e ulteriormente pelo francês e inglês "caramel".


Consta que os árabes o utilizavam como depilatório nos seus harém.


Os egípcios purificaram ainda mais o açúcar com cal. Na Idade Média o açúcar foi exportado para toda a Europa, sendo que no início era extremamente caro e vendido apenas nos boticários.


O açúcar terá aparecido na Índia 6 000 a.C. onde era utilizado para tempero e remédios, até essa altura era o mel que servia de adoçante.


Quando Alexandre o Grande chegou à Índia verificou a existência desse pó branco, curiosamente parecido com o sal mas doce e chamou-lhe "sal indiano".


Mais tarde, os árabes designaram-no por "Al zukkar" que deu origem à palavra "açúcar".


Durante a Idade média, foi Veneza que assegurava o seu abastecimento proveniente do Médio Oriente e Índia Oriental, era por isso considerada a capital do açúcar, capital essa que passou a ser Lisboa no fim da Idade Média.


No norte da Europa o aprovisionamente era assegurado por Bruges, passando depois a ser Antuérpia e de seguida Amesterdão.


Algumas fontes referem que caramelo vem do latim "cannamellis" de "canna" + "mel/mellis", que por sua vez teria origem no grego "canna" e "mel".


A palavra "caramelo" existe pouco alterada em quase todas as línguas: "karamel" (em alemão, checo, dinamarquês, indonésio, azeri, turco,..), "Karmel" (em polaco),"karamelo" (em tagalog) ou "kyarameru" (em japonês).





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