A curiosa origem das palavras e expressões utilizadas no nosso dia a dia.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Banho-Maria

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Banho-maria é um método científico utilizado em laboratórios químicos, na indústria e até na cozinha.


Consiste em aquecer de forma lenta e uniforme qualquer substância, líquida ou sólida, submergindo-o noutro recipiente onde existe água a ferver.


Assim, por exemplo, os alimentos cozinhados, nunca estão sujeitos a uma temperatura superior a 100º Celsius, a temperatura de ebulição da água.


A origem do nome, banha-maria, deve-se a uma alquimista judia chamada Maria, no século I a II antes de Cristo.  A sua figura lendária foi baseada em Miriam, a irmã de Moisés.


Alguns autores fazem alusão à Virgem Maria, símbolo de doçura e a uma forma "mais doce" de cozinhar lentamente os alimentos, mas isso pode ser apenas uma associação ao nome de Maria a judia.


O nome vem do latim medieval "balneum" e "mariae", depois derivado do francês "bain de Marie" ou "bain-marie", e depois adaptado ao português.








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terça-feira, 1 de março de 2016

Bissexto

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Chama-se "ano bissexto" o ano ao qual é acrescentado um dia extra, ficando o ano com 366 dias em vez dos habituais 365. Este ocorre de quatro em quatro anos, excepto anos múltiplos de 100 que não são múltiplos de 400.

 

O objectivo é de manter o calendário solar ajustado com a transladação da Terra.

 

Esta introdução foi feita para ajustar o calendário ao tempo solar. Este ajustamento ocorre no final do mês de fevereiro, com mais um dia, portanto, nos anos bissexto fevereiro terá 29 dias em vez de 28.


"Bissexto" advém do facto de que nesses anos o ano terá 366 dias, um duplo "66" (de 366), logo duas vezes 6, portanto bi-sexto.

 

Na realidade, a explicação é mais complexa. Na época de Júlio César, os meses eram divididos em três partes: calendas, nonas e idos. Nessa altura os dias do mês eram contados de trás para a frente. 

 

O dia 2 de janeiro, por exemplo, era "antediem IV nonas januarii". Ao decidir incorporar mais um dia ao mês de fevereiro, não foi criado um novo dia, mas sim um dia já existente. Uma coisa como a repetição do 28 de fevereiro, já existente, uma espécie de novamente um dia 28 de fevereiro.

 

Esse dia repetido, chamava-se em latim, "bis VI" (de antediem calendas martil), portanto "bissextum".





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Fulano

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"Fulano" é uma palavra tipicamente portuguesa que faz referência a uma pessoa indeterminada ou que não se quer mencionar.


Fulano tem origem no árabe, "fulân", que significa "alguém" ou "tal". Foi sobre o domínio árabe da península Ibérica que esta palavra teve a sua origem.


Quando se tratam de várias pessoas utiliza-se a expressão "fulano, beltrano e sicrano".


Neste caso a origem da palavra "beltrano" poderá ter origem no francês Beltrand, nome popular nas histórias da cavalaria francesa da idade medieval.


Quanto à origem de "sicrano", existem várias teorias, mas poderá ser "sicra", da palavra latina, "securu", para designar um desfiguramento.









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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Verão de São Martinho

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Todos os anos, no início do mês de Novembro, durante alguns dias a temperatura sobe alguns graus celsius e o tempo torna-se ameno em pleno outono.


Este fenómeno meteorológico ocorre por volta do dia 11 de Novembro e fala-se então do verão de São Martinho.


As principais movimentações das massas de ar, altas pressões atmosféricas (anticiclones) e baixas pressões (depressões) ocorrem nas estações de transição primavera e outono. No outono, no hemisfério norte, assistimos a uma baixa progressiva da pressão atmosférica trazendo chuva, nuvens e vento.


No entanto, quando a depressão atinge a sua "posição de inverno", ainda existem massas de ar quente a chegar ao continente. O responsável é o anticiclone dos Açores, que movimenta massas de ar quente vindas do Norte de África e Mediterrâneo, e com elas o céu limpo e a ausência de vento.

Com o avançar do inverno, este anticiclone vai alterar a sua posição, criando outro tipo de influência.


Durante estes dias de outono, ainda recebemos bom tempo vindo do anticiclone dos Açores. É por isso que as temperaturas aumentam para níveis pouco comuns no inverno. Fala-se então no verão de São Martinho.


Por vezes, como este ano, junta-se este anticiclone sub-tropical aos efeitos da corrente quente do El-Niño que prolonga o verão de São Martinho durante mais de uma semana.


São Martinho nasceu em Savaria (actual Hungria) na época do Império Romano, no ano de 316. Seguiu uma carreira militar, tendo sido ordenado bispo de Tours (em França) em 371. Morreu no dia 8 de Novembro de 397, tendo sido sepultado no dia 11 de Novembro, dia da festa litúrgica de São Martinho.


Conta a lenda que num dia frio e chuvoso, Martinho segui montado a cavalo quando encontrou um mendigo. Vendo o pedinte cheio de frio, pegou na sua espada e cortou a sua capa em dois dando uma dessas metades ao mendigo para se cobrir.


Mais à frente voltou a encontrar outro mendigo tendo-lhe dado a outra metade. Martinho continuou a sua viagem quando nesse momento as nuvens desapareceram o sol surgiu e a temperatura amena durou três dias.


Desde então, por volta do dia 11 de Novembro de cada ano o tempo torna-se ameno com subida da temperatura e céu limpo durante três dias, o chamado verão de São Martinho.


Em França tem o mesmo nome: "Été de Saint Martin" (11 de novembro) além do "Verão de São Dinis" (9 de Outubro). Na Alemanha chamam-lhe o "Verão da avó". Na Inglaterra o "Verão de São Lucas" (18 de Outubro). Na Suécia o "Verão de Todos os Santos" (1 de Novembro). Na Europa Central o "Verão das Velhas" (fins de Setembro).


Finalmente, na Pensilvânia e Nova Inglaterra (nos Estados Unidos) e em Saint-Laurent (no Canadá) fala-se de o "Verão dos Índios" ou "Indian Summer". Possivelmente porque aproveitando estes dias mais amenos os índios aproveitavam para fazer as suas provisões antes da chegada do inverno.


São Martinho é padroeiro dos mendigos, curtidores, alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, restauradores e produtores de vinho.





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sábado, 31 de outubro de 2015

Ter cacau

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"Ter cacau" significa em linguagem popular "ter dinheiro".


No início do século XIX, durante a colonização portuguesa, São Tomé dedicou-se à produção de café e de cacau, duas plantas trazidas do Brasil. Inicialmente, o grande protagonista foi o café.


No entanto na década de 1880, deu-se uma queda abrupta do preço mundial do café. Foi então que o cacau se tornou na principal produção desse arquipélago.


São Tomé era então o maior produtor mundial de cacau que proporcionava lucros bastante compensadores.


A exuberância com que os roceiros de São Tomé exibiam em Lisboa as seus meios de fortuna faria que, popularmente, "ter cacau" se tornasse, em português, sinónimo de ter riqueza, de nadar em dinheiro.


O nome científico do cacau é "Theobroma cacao" e foi atribuído, em 1973, pelo botânico sueco Carl Linnaeus aquando da sua publicação do seu famoso livro "Species Plantarum". O termo Theobroma vem do grego "theo" (Deus) e "broma" (alimento), sendo portanto o "alimento dos Deuses".


A palavra "chocolate" deriva do asteca "xocolati" ou "xococ" que significa "amargo" e "ati" (água).







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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Halloween

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Halloween é uma festa celta com mais de 2500 anos: o Samhain que significa "Final do Verão". No antigo ano novo celta, é o início da estação da cidra, um rito solene e o festival dos mortos.


Na língua gaélica actual, Samhain traduz-se por "Novembro". Nos celtas o ano acabava nos finais de Outubro, num dia de lua cheia e esta festa significava o início de um novo ano.


O calendário celta era lunar (e não solar como o gregoriano) as festas não tinham portanto uma data fixa, foi por comodidade que o dia de Halloween foi fixado no dia 31 de Outubro.


A festa de Samhain era o momento em que os espíritos dos seres amados já falecidos deviam ser honrados. Acreditava-se que era o período em que os mortos voltavam para passear entre os vivos. Por essa razão, deixavam a porta de casa entre-aberta, um lugar desocupado à mesa e lanternas acesa ao longo dos caminhos.


Como muitas das principais festas celtas, desenrolava-se durante sete dias: os três primeiros celebrava-se os heróis, os três últimos era em memória de todos os defuntos, à volta do dia da lua cheia.


Na véspera da noite de Samhain, os druidas acendiam um grande fogo sagrado esfregando ramos secos do carvalho sagrado e espalhavam esse fogo nos montes à volta das aldeias para afugentar os espíritos maléficos. Cada pessoa devia apagar o lume da sua lareira e levava algumas brasas deste novo fogo para acender um novo fogo sagrado nas suas habitações que mantinha aceso até à próxima festa de Samhain.


Estas festas eram acompanhadas de rituais, cânticos e banquetes.


Esta tradição celta não desapareceu com a colonização romana e depois com a religião católica. Em 840, como forma de cristianizar Sainhain, o Papa Gregório IV faz do 1 de Novembro o dia de Todos os Santos, sendo que dia 2 de Novembro será o dia dos finados (dia dos Mortos).


Com a fome provocada pela doença da batata, entre 1846 e 1848, muitos irlandeses emigraram para os Estados Unidos e levaram com eles muitas lendas. Uma dessas lendas é a de "Jack O'lantern", que quando bêbado desafiou o diabo e foi expulso do paraíso quando morreu, sendo condenado a vaguear eternamente com uma lanterna. Esta era constituída por um nabo que ele estava a comer onde colocou no seu interior uma vela para que não se apagasse.


O nabo foi substituído por uma abóbora, originária do continente americano, por ser mais fácil de esculpir.


Só no fim do século XIX é que Halloween se tornou numa festa nacional nos Estados Unidos. Só nos anos de 1990 é que esta festa foi introduzido na Europa com um aspecto puramente comercial e já sem qualquer magia.


O termo Halloween é a contração da expressão inglesa "All Hallows Eve" (ou "All Hallows Even") que significa "a véspera de todos os santos".







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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Almada

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Almada vem do árabe "al ma'adan" que significa a "mina", dado que aquando da ocupação árabe existia nesse local um jazigo de ouro.


Um documento de 1170 refere-se a esse local como "Almadana", e mais tarde, no século XIII "Almadã", sendo que a nasalação desaparece em finais do século seguinte.


Como curiosidade, Frei Francisco de Santa Maria, escreve no século XVIII, na sua obra "Anno historico" que uma moura de Almada de nome Fátima se apaixona pelo guerreiro português Gonçalo Hermiges, convertendo-se ao cristianismo e mudando o seu nome para Oureana. Diz a lenda que o seu nome terá dado origem às cidades de Fátima e de Ourém.


Por fim, o nome Cacilhas (no concelho de Almada) terá origem no facto que frequentemente os lisboetas atravessavam o Tejo para ir passear por Almada. No local de desembarque havia burros à espera dos passageiros para os conduzir no passeio.


A preparação do burro para um novo serviço era gritada pelo burriqueiro ao seu ajudante com a frase "dá cá cilhas" (tira de couro ou de pano com que se prende a sela sobre o lombo de uma cavalgadura). Com o tempo esta frase passou a designar o local Cacilhas.







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