A curiosa origem das palavras e expressões utilizadas no nosso dia a dia.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

X-acto

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O "X-acto" é um instrumento constituído por uma lâmina, geralmente retráctil, que se usa para cortar vários tipos de material flexível.


No principio dos anos 1930, um judeu polaco imigrante nos Estados Unidos, Sundel Doniger, concebeu um instrumento de corte, uma espécie de pena afiada, tendo apresentado uma patente em 1959 que foi deferida em 1961.


Este instrumento foi por ele chamado de X-acto, tendo fundado a sua própria empresa com o mesmo nome, que ainda existe actualmente.


O nome X-acto foi criado pelo seu autor com base no adjectivo em castelhano "exacto", cuja pronúncia em castelhano soa igual à pronúncia em inglês para o grupo de grafemas que constitui o nome X-acto.


Ele pretendeu com esse nome incutir a ideia de precisão que se consegue com o emprego desses instrumentos de corte.


Este tipo de instrumente cortante tem várias designações:

- Em Portugal e no Canada é chamado de "X-acto" (e portanto com o nome de uma marca).

- No Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia usa-se "Stanley knife" (nome de marca).

- Em Israel e na Suíça é conhecido como "Japanese knife".

- No Brasil usa-se o nome de "estilete", por vezes "cortador".

- Em França, na Itália, na Índia, na Filipinas e no Egipto é chamado de "cutter".

- Em Espanha além de "cutter", por vezes também se utiliza o nome "cortaplumas".

- Na Argentina e Uruguai é chamado de "trincheta".






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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Carapau de corrida

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"Carapau de corrida" é uma expressão popular utilizada para descrever uma pessoa convencida ou que se julga mais esperta do que os outros. Usa-se habitualmente precedida do verbo armar: "armar-se em carapau de corrida".


Esta curiosa expressão poderá ter origem no facto de que nas lotas o peixe é vendido em leilões invertidos, ou seja começa-se por anunciar o preço mais alto e este vai decrescendo até que um comprador o arremate.


O peixe mais caro, e portanto o melhor peixe, é vendido em primeiro. Para o fim ficam os peixes de menor qualidade.


As peixeiras que compravam esse peixe de fim da lota, e portanto a um preço mais barato, iam a correr até à vila, tentando chegar ao mesmo tempo que as primeiras peixeiras que já lá tinham chegado com o peixe mais caro e de melhor qualidade que tinha sido vendido na lota em primeiro lugar.


As últimas peixeiras chegadas tentavam então enganar os clientes vendendo o seu peixe ao mesmo preço que as restantes. Nem sempre os fregueses se deixavam enganar e percebiam que aquele carapau era "carapau de corrida", de menor qualidade e trazido até á vila literalmente a correr.







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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Bikini

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O bikini é um fato de banho composto por duas peças, a parte cima é um soutien e a de baixo uma cueca triangular bastante reduzida.


No século XVIII as mulheres usavam um vestido de banho com saia e calças por baixo. Nos anos 30 os fatos de banho eram feito de lã e pesavam cerca de 500 gramas e perto de 3 quilos depois de molhados.


Com a introdução do bikini, pela primeira vez as mulheres mostravam o umbigo e toda a região da barriga.


Foi Louis Réard que teve uma ideia revolucionária para aumentar as vendas da empresa de roupa dirigida pela sua mãe: um fato de banho de duas peças.


Como nenhuma manequim profissional estava disposta a a desfilar com o bikini, recorreu a uma bailarina, que costumava actuar nua, para apresentar a sua criação no dia 5 de julho de 1946, na piscina Molitor.


Quatro dias antes, Louis Réard lê a notícia de que os americanos tinham acabado de fazer explodir uma bomba atómica extremamente potente num ensaio no atol de Bikini.


Decide então chamar ao seu fato de banho de duas peças "bikini", na esperança que a sua invenção teria o mesmo impacto no público que teve este teste nuclear. Na altura a energia nuclear ainda não tinha a conotação negativa que viria a ter mais tarde.


O bikini criou um enorme escândalo e foi logo proibido na Itália, Espanha e Portugal. Contudo em 1952, o bispo de Marbella, Rodrigo Bacanegra, convence o general Franco a autorizar o seu uso nessa região espanhola por razões de benefício turístico. Rapidamente o resto da Espanha e depois da Europa seguiu o mesmo caminho.


Nos Estados Unidos o seu uso é proibido nos filmes de Hollywood e nos concursos de beleza. Em 1953, Marilyn Monroe desafia todas críticas exibindo-se ostensivamente em bikini, outras actrizes seguirão o exemplo.


Entretanto, em 1964 o uso do bikini é condenado pelo Vaticano.


O uso do bikini permanecerá proibido nas piscinas alemãs até aos anos 70.


Este tipo de vestuário já era conhecido na antiguidade. Podemos observar nos mosaicos da Villa Romana del Casale na Sicília, a representação de mulheres a brincar usando um bikini.


Em 1963, foi lançado o "monokini" por Rudi Gerneich, composto unicamente pela parte de baixo, mas ainda com umas alças que no entanto deixavam as mamas à mostra.


Se o bikini já tinha provocado um escândalo enorme ao mostrar o umbigo, podemos imaginar o que o monokini terá provocado ao mostrar as mamas.


Foi necessário esperar pelos finais dos anos 60, com os movimento de emancipação das mulheres, para este se tornar comum.


De referir que apesar de monokini ter o prefixo "mono" (do grego "monos" que significa único), isso não faz do "bi" de bikini significar duas peças.


O atol de Bikini faz parte das Ilhas Marshall e o seu nome advém do marshalês aí falado e onde "Bik" significa "superfície" e "ni" significa "coco".







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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Países da América do Sul

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América

Quando Colombo atingiu a América, mais precisamente na parte onde se encontra hoje a América Central, ele achava que tinha chegado às Índias. Por isso, muitos historiadores deram o mérito da descoberta a Américo Vespúcio, por ter sido o primeiro navegador a afirmar e a divulgar, baseadas nas descrições feitas durante a viagem, que as terras que Colombo havia alcançado pertenciam a um novo continente. O prenome do navigador foi deu origem ao nome do continente que foi passado para o feminino por paralelismo com os outros continentes.


Argentina

Espantados pela descoberta de grandes quantidade de minerais, dos quais a prata, e em particular na região do "Rio da Prata" chamaram esta região com o nome inspirado do latim "argentum" (prata).


Bolívia

Aqui o nome deve-se ao general e estadista Simón Bolivar, principal herói da luta pela independência, que em 1825 deu a aprovação necessária para que as províncias do Alto Peru se separassem do Vice-Reinado de Buenos Aires e passa-se a chamar Bolívia.


Brasil

Dada a existência de grande quantidade de uma madeira nobre, a árvore de pau-brasil, de tronco de cor avermelhada, chamada de brasil por lembrar a brasa das fogueiras, utilizada para fazer corante.


Chile

Terá origem na palavra nativa "chilli", usada pelos Aimarás, e que quer dizer "lugar onde a Terra termina", referência à posição geográfica do território, no extremo oeste do continente. Também existe a possibilidade de derivar do idioma Quécha, em que "chilli" que quer dizer "região fria".


Colômbia

Em 1819, foi criada a Gran Colombia, com Simón Bolivar à frente das lutas pela independência e que ocupava o território das actuais Colômbia, Panamá, Equador e Venezuela. Dez anos mais tarde, Bolívar sugeriu que em homenagem a Cristóvão Colombo o território que sobrava, depois da separação dos outros, deveria chamar-se Colômbia.


Equador

Foi assim baptizado com o nome da linha imaginária que atravessa o seu território e corta o nosso planeta a meio. Recebeu esse nome em 1830, na primeira constituição do país. No entanto, muitos países são atravessados por essa linha imaginária. No século XVIII a Academia de Paris queria medir um arco do meridiano terrestre para estudar as dimensões da Terra. Na época a única região considerada civilizada e pela qual passava essa linha era a "Presidencia de Quito" que pertencia à Espanha. Após concluída a missão, a região ficou conhecida como "Tierras del Ecuador".
"Equador" vem do latim "aequis" (igual), numa referência à divisão da Terra em duas partes iguais, os hemisférios Norte e Sul.


Guiana

Esta região era chamada pelos nativos de "guyana" que significa "terra de muitas águas".


Honduras

Vem da palavra espanhola "hondo" (fundo), "honduras" (profundezas). Em 1502, após uma tempestade, Cristóvão Colombo chegou a Trujillo, um local que ofereceu abrigo às suas caravelas, então ele terá dito: “Gracias a Dios que hemos salido de estas honduras ("Graças a Deus que saímos destas profundezas"), referindo-se à profundidade do mar recém-percorrido. O barco foi baptizado de "Graças a Deus" e a região "Honduras".


Peru

Tem origem controversa: há quem diga que vem de um rio chamado "Pelú", nome de um rio descoberto por Vasco Núñez de Balboa e há quem afirme que vem do nome de um importante chefe inca chamado Birú, cuja existência foi relatada a primeira vez em 1514 pelo explorador espanhol Francisco Becerra.
Na língua inca quíchua, a palavra peru significa “terra de riquezas e esperanças”.


Paraguai

A região era habitada por índios chamados "payaguaes", mas a origem do nome pode também vir da língua guarani em que "payaguá" significa "marinheiro de rio".


Uruguai

Em guarani "uruguá" significa "caracol do rio".


Venezuela

No dia 24 de agosto de 1499 ao explorar a América do Sul, Alonso de Ojeda, Américo Vespúcio e Juan de la Cosa, chegaram ao que é hoje o Lago de Maracaibo, onde encontraram nativos cujas casas estavam construídas sobre estacas de madeira fixas no lago (palafitas).
Vespúcio, que era italiano, achou aquelas construções semelhantes às da cidade de Veneza e por isso chamou a região de Venezuela, ou seja, "Pequena Veneza", mais tarde o nome espalhou-se por todo o país.







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Camarões

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Camarões é um país da região ocidental da África Central. O seu nome vem do pequeno crustáceo, camarão, que pode ser marinho ou de água doce.


Em 1472, navios portugueses comandados por Fernando Pó, faziam o reconhecimento da costa africana, ao entrarem no estuário do rio Wuri, ficaram espantados pela quantidade de camarões de água doce. Esse rio passou a chamar-se de "rio dos camarões".


Mais tarde quando a região foi colonizada pelos alemães, o nome mudou para "Kamerun", e depois sob domínio francês para "Cameroun" (sendo que camarões em francês são crevettes) nome conservado depois da independência.


Além do rio, o nome era inicialmente utilizado para designar a actual cidade de Duala, mais tarde foi adoptado como referência a todo o país.


De referir que o termo "camarão" (o crustáceo) vem do latim "cammarus", que por sua vez deriva do grego "kámmaros", que significa "curvo".







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Mediterrâneo

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"Mediterrâneo" vem da palavra latina "Mediterraneus" que significa "no meio das terras", com a junção de "medius" (meio, entre) e "terra".


A palavra "Mar" também vem do latim "mar" ou "maris", mas a sua origem remonta à raiz indo-europeia "mori" que significa laguna, estando presente em línguas de outras subfamílias indo-europeias: "meer" em alemão, "more" em russo ou "muir" em irlandês.


O mar Mediterrâneo tem sido conhecido por nomes diferentes através da história.


Os romanos chamavam-lhe "Mare Nostrum" (o nosso mar), dado que tinham conquistados todas as regiões à volta do mar Mediterrâneo. Ocasionalmente era apelidada de "Mare Internum" (mar interior).


Em árabe era chamado de "Al-Bahr Al-Abyad Al-Mutawassit" ou seja "mar branco do meio".


Em turco, mar diz-se "deniz" e o mar Mediterrâneo é chamado de "Akdeniz" (mar branco), isto porque antigamente os turcos designavam os pontos cardeais por cores.


"Ak" (branco) para o sul (o mar Mediterrâneo fica a sul da Turquia), "Kara" (negro) para o norte (neste caso a origem do mar Negro que fica a norte da Turquia), sendo que "Kizil" (vermelho) designava o oeste e "Yesil" (verde) o leste.






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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lisboa

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A origem do topónimo "Lisboa" é incerta.


Os fenícios instalaram uma feitoria, no século VIII a. C,  no actual local de Lisboa e chamaram-na de "Allis Ubbo" (enseada amena).


Depois foram os gregos. A lenda pretende que foi Ulisses que fundou a vila, no entanto a verdade é que o rei de Ítaca aportou na Andaluzia.



A propósito desta lenda, consta que existia um reino conhecido pelo nome de Ofiusa, um lugar distante, próximo a um grande oceano pouco conhecido. Ofiusa significava "Terra de serpentes". Este reino era governado por uma rainha, meio mulher, meio serpente. Tinha um olhar feiticeiro e voz meiga.


Ninguém ousava por os pés nesse reino, pois seriam comidos pelas serpentes da rainha. Durante muito tempo ninguém se atreveu a entrar nesse reino e os poucos que se arriscavam eram seduzidos pela rainha e nunca mais retornavam.


Um dia, vindo de muito longe, um herói chamado Ulisses aportou na Terra das serpentes. A rainha apaixonou-se por ele e não o queria deixar partir. Ulisses fingiu deixar-se enfeitiçar pelos encantos da rainha. Assim que os seus barcos estavam abastecidos e os seus homens descansados, acabou por se ir embora.


A rainha correu desesperadamente atrás dele e dizem que os seus braços serpenteando atrás do herói acabaram por formar as sete colinas rumando em direcção ao mar.



Mais tarde a cidade cresceu e passou a chamar-se "Olisipo", palavra de origem fenícia, não se sabendo a origem de "oli", sendo que "ipo" significa fortaleza.


A cidade estendia-se desde a colina onde hoje se encontra o Castelo São Jorge até ao rio chamado de "Daghi" ou "Taghi" que significava "boa pesca", actualmente Tejo.


Os romanos, em 205 a.C., mudaram-lhe o nome para "Felicitas Júlia" e mais tarde para "Olisipo Felicitas Júlia". A cidade passa a fazer parte da Lusitânia, tendo como capital Eméritas Augusta (actual Mérida, em Espanha).


Após as invasões dos Alanos, Vândalos,  Suevos e Visigodes, os Árabes conquistam Lisboa sem qualquer luta e chamam-na de Al-Usbuna.


O nome evolui ainda sucessivamente para Lisipona, Lisibona, Lisbona, Lixboa e finalmente para Lisboa depois da conquista da cidade por D. Afonso Henriques em 1147.


Ainda de referir que no período árabe, em frente a Al-Usbuna (Lisboa), na margem oposta do Tejo, erguia-se a fortaleza de Al-Madan, actual Almada.







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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Varina

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"Varina" é a designação que os habitantes de Lisboa deram às vendedoras ambulantes de peixe.


A palavra tem origem nas mulheres que vierem de Ovar para a capital, as ovarinas.


Com o declínio da pesca, sobretudo da sardinha, na zona norte de Portugal, os pescadores foram obrigados a emigrar para zonas mais a sul, tendo-se fixado, muitos oriundos de Ovar, em Lisboa, sobretudo no Bairro da Madragoa.


A varina de canastra à cabeça, assente numa rodilha, a apregoar o peixe comprado na lota ou no cais, é uma imagem iconográfica da zona de Ovar.


Tendo o idioma galego-português permanecido unido até à independência de Portugal, pensa-se que Ovar será o resultado  de "O Var", como o Porto também era designado de "O Porto". Alias os ingleses ainda mantêm a designação de "Oporto".


"Vareiros" são os naturais das terras de Var, hoje designadas por Ovar. Ainda hoje as vendedeiras de peixe miúdo, sobretudo de sardinha, são chamadas de vareiras na zona litorâneo do norte.


Ainda é possível encontrar designações galegas de locais, vilas ou cidades no noroeste da península ibérica: O Viceto, O Barqueiro, A Toxa, A Estrada, A Pedra (mercado típico de Vigo).





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