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A palavra "sacana", de difícil tradução noutras línguas, significa um "acto perverso, de maldade e deslealdade". Informalmente, diz-se de quem não tem carácter ou age sem ética, quem age com esperteza ou malandrice, ou quem gosta de brincadeiras.
A origem desta palavra é incerta.
Uma das possíveis origens estaria na palavra árabe "açaccá" que quer dizer "aguadeiro", outra seria de origem japonesa "sakana" que significa "peixe". Mas estas hipotéticas origens não explicam o significado actual dessa palavra.
Sacana em hebraico significa "perigo", tem a mesma raiz que "sakin" (punhal), "sakina" (bandido) e "sakun" (risco).
Em tempos, uma importante comunidade judia da Europa Central emigrou para o Rio de Janeiro e São Paulo, passando a residir nos bairros malfamados onde as mulheres se dedicavam à prostituição. Eram as famosas "polacas" que com frequência se exprimiam em idiche, neste dialecto adoptado pelos judeus da Europa Central utilizando caracteres hebraicos, "sacana" quer dizer, como já vimos, "perigo".
Quando a polícia chegava ouvia-se essa palavra pronunciada enquanto as janelas e portas se fechavam. Os polícias passaram a chamar a essas zonas de "sacana(gem)".
A outra origem possível vem do quicongo, língua dos bantus africanos, onde "sàkana" significa "brincar e divertir-se". Da mesma raiz em quicongo, temos as palavras "sakanesa" que significa "acariciar" e "disokana" ("copular").
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A curiosa origem das palavras e expressões utilizadas no nosso dia a dia.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Francesinha
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A francesinha tornou-se num dos pratos típico do Porto. É constituída por fatias de pão de forma recheado com linguiça, salsicha fresca, outras carnes frias, fiambre e habitualmente bife de vaca, coberto com queijo derretido, guarnecida com um molho que leva vários ingrediente dos quais tomate, cerveja, vinho do Porto e piri-piri.
A receita baseia-se numa receita tipicamente francesa chamada "croque-monsieur", muito consumido nos cafés franceses, daí muita gente pensar que teve origem França, e trazida para Portugal durante as invasões francesas, pois já as tropas de Napoleão comiam pão de forma com vários tipos de carne e muito queijo.
Na realidade, o inventor da Francesinha foi Daniel David da Silva, natural de Terras de Bouro, que veio para Lisboa ainda jovem e emigrou depois para a Bélgica e mais tarde para França, foi nesse país que se inspirou do "croque-monsieur" para criar mais tarde a sua receita em Portugal.
Foi Abrantes Jorge, proprietário do Restaurante Reboleira, na Rua do Bonjardim, no Porto, que convenceu Daniel David da Silva a confeccionar o prato em questão, estava-mos em 1953.
Mulherengo, achava que as mulheres portuguesas era pouco desinibidas comparadas com as francesas, como o molho do prato que inventou era bastante picante, e como gostaria que as mulheres portuguesas fossem tão "picantes" como as francesas, decidiu chamar ao prato francesinha.
Os homens, sobretudo solteiros, consumiam-as ao lanche ou noite dentro após, por exemplo uma sessão de cinema. Não sendo considera um prato, a francesinha era servida sem grandes luxos, frequentemente ao balcão.
Inicialmente eram apenas os homens que as comiam, pois as mulheres ariscavam-se a ficar mal vistas por o molho ser picante, e por a sabedoria popular achar que tal condimento provocava alterações comportamentais de cariz sexual. Foi só na década dos anos 70 que as mulheres começaram a aderir ao prato criado cerca de 20 anos antes.
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A francesinha tornou-se num dos pratos típico do Porto. É constituída por fatias de pão de forma recheado com linguiça, salsicha fresca, outras carnes frias, fiambre e habitualmente bife de vaca, coberto com queijo derretido, guarnecida com um molho que leva vários ingrediente dos quais tomate, cerveja, vinho do Porto e piri-piri.
A receita baseia-se numa receita tipicamente francesa chamada "croque-monsieur", muito consumido nos cafés franceses, daí muita gente pensar que teve origem França, e trazida para Portugal durante as invasões francesas, pois já as tropas de Napoleão comiam pão de forma com vários tipos de carne e muito queijo.
Na realidade, o inventor da Francesinha foi Daniel David da Silva, natural de Terras de Bouro, que veio para Lisboa ainda jovem e emigrou depois para a Bélgica e mais tarde para França, foi nesse país que se inspirou do "croque-monsieur" para criar mais tarde a sua receita em Portugal.
Foi Abrantes Jorge, proprietário do Restaurante Reboleira, na Rua do Bonjardim, no Porto, que convenceu Daniel David da Silva a confeccionar o prato em questão, estava-mos em 1953.
Mulherengo, achava que as mulheres portuguesas era pouco desinibidas comparadas com as francesas, como o molho do prato que inventou era bastante picante, e como gostaria que as mulheres portuguesas fossem tão "picantes" como as francesas, decidiu chamar ao prato francesinha.
Os homens, sobretudo solteiros, consumiam-as ao lanche ou noite dentro após, por exemplo uma sessão de cinema. Não sendo considera um prato, a francesinha era servida sem grandes luxos, frequentemente ao balcão.
Inicialmente eram apenas os homens que as comiam, pois as mulheres ariscavam-se a ficar mal vistas por o molho ser picante, e por a sabedoria popular achar que tal condimento provocava alterações comportamentais de cariz sexual. Foi só na década dos anos 70 que as mulheres começaram a aderir ao prato criado cerca de 20 anos antes.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Para inlês ver
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"Para inglês ver" é uma expressão usada como significante de mostrar algo apenas pela aparência, algo que não se deve levar a sério pois é fabricado ou encenado para uma dada ocasião.
Portugal foi pioneiro do abolicinismo (1761), mas foi a Inglaterra que a partir de 1830, lançou uma campanha contra os países importadores de escravos, e em particular contra o Brasil.
O marquês de Pombal aboliu a escravatura, em Portugal e nas colónias, através de uma lei de 12 de fevereiro de 1761. Mas a verdade é que o tráfico de escravos continuou a fazer-se, ainda que mais reservado.
Pressionado pela Inglaterra, que tinha proibido a escravatura nas suas colónias em 1807, o Brasil aprovou leis que impedissem o tráfico de escravos, emitidas pelo Governo da Regência em 1831, que nunca chegaram a ser levadas à prática, todos sabiam que não seriam cumpridas. Assim essas leis foram criadas apenas "para inglês ver".
No Brasil, só em 1852, uma segunda lei promulgada pelo Imperador D. Pedro II veio erradicar definitivamente o uso económico da escravatura.
Uma outra explicação, muito menos provável, atribui a expressão aos tempos das invasões francesas, e após a partida da família real portuguesa para o Brasil. Portugal passou a ser uma espécie de protectorado inglês que assumiu o comando da máquina militar portuguesa.
Habituados a serem muito metódicos, encontraram um país muito desorganizado. Pressionados pelos ingleses a apresentarem leis ou relatórios, os portugueses organizavam tudo por escrito apenas para demonstrar que estava tudo bem, sabendo muito bem que não seriam cumpridos, era feito apenas "para inglês ver".
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"Para inglês ver" é uma expressão usada como significante de mostrar algo apenas pela aparência, algo que não se deve levar a sério pois é fabricado ou encenado para uma dada ocasião.
Portugal foi pioneiro do abolicinismo (1761), mas foi a Inglaterra que a partir de 1830, lançou uma campanha contra os países importadores de escravos, e em particular contra o Brasil.
O marquês de Pombal aboliu a escravatura, em Portugal e nas colónias, através de uma lei de 12 de fevereiro de 1761. Mas a verdade é que o tráfico de escravos continuou a fazer-se, ainda que mais reservado.
Pressionado pela Inglaterra, que tinha proibido a escravatura nas suas colónias em 1807, o Brasil aprovou leis que impedissem o tráfico de escravos, emitidas pelo Governo da Regência em 1831, que nunca chegaram a ser levadas à prática, todos sabiam que não seriam cumpridas. Assim essas leis foram criadas apenas "para inglês ver".
No Brasil, só em 1852, uma segunda lei promulgada pelo Imperador D. Pedro II veio erradicar definitivamente o uso económico da escravatura.
Uma outra explicação, muito menos provável, atribui a expressão aos tempos das invasões francesas, e após a partida da família real portuguesa para o Brasil. Portugal passou a ser uma espécie de protectorado inglês que assumiu o comando da máquina militar portuguesa.
Habituados a serem muito metódicos, encontraram um país muito desorganizado. Pressionados pelos ingleses a apresentarem leis ou relatórios, os portugueses organizavam tudo por escrito apenas para demonstrar que estava tudo bem, sabendo muito bem que não seriam cumpridos, era feito apenas "para inglês ver".
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Viver à grande e à francesa
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Viver à grande e à francesa é uma expressão que significa viver com luxo e ostentação.
Esta expressão popular é utilizada desde a primeira invasão francesa, em 1807, devido ao modo luxuoso como vivia o general Junot e os seus acompanhantes em Lisboa.
Junot, nomeado Duque de Abrantes, estabeleceu residência e quartel-general em Lisboa, no palácio do Barão de Quintela, na rua do Alecrim, ao Chiado. Os seus oficiais instalaram-se em casa de nobres e da burguesia de Lisboa, exigindo cama, mesa e roupa lavada.
Passeavam garbosos, em uniforme de gala e frequentavam o teatro de S. Carlos com as damas de alta sociedade.
Junot e o general Delaborde, comunicaram ao Senado da Câmara de Lisboa que viriam de bons olhos o pagamento de uma gratificação pela protecção da capital. A exigência foi aceite, e durante seis meses, Junot recebeu 16 contos e 800 mil réis, enquanto o general Delaborde recebeu 4 contos.
Para a época isto representava uma quantia milionária que lhes permitia "viver à grande e à francesa".
Outras expressão da época das invasões francesas:
Ficar a ver navios
Com a intenção de prender Dom João, o general Junot entrou em Portugal e em marcha forçada tentou chegar a Lisboa, mas o príncipe regente e a Corte portuguesa já tinham embarcado rumo ao Brasil.
Junot terá ficado no alto de Santa Catarina, em Lisboa, a ver os navios a passar a barra do Tejo.
Outra versão para a mesma expressão terá origem na esperança de ver o rei Dom Sebastião um dia voltar, para isso multidões juntavam-se no alto de Santa Catarina a ver os navios que chegavam, confiantes no regresso do rei.
Ir para o maneta
Henri Loison era um general francês que durante as invasões a Portugal exercia uma repressão impiedosa.
Tinha perdido o braço esquerdo num acidente de caça e logo recebeu a alcunha de "o maneta", ser alvo da sua repressão era coisa que ninguém desejava, logo a expressão ir para o maneta.
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Viver à grande e à francesa é uma expressão que significa viver com luxo e ostentação.
Esta expressão popular é utilizada desde a primeira invasão francesa, em 1807, devido ao modo luxuoso como vivia o general Junot e os seus acompanhantes em Lisboa.
Junot, nomeado Duque de Abrantes, estabeleceu residência e quartel-general em Lisboa, no palácio do Barão de Quintela, na rua do Alecrim, ao Chiado. Os seus oficiais instalaram-se em casa de nobres e da burguesia de Lisboa, exigindo cama, mesa e roupa lavada.
Passeavam garbosos, em uniforme de gala e frequentavam o teatro de S. Carlos com as damas de alta sociedade.
Junot e o general Delaborde, comunicaram ao Senado da Câmara de Lisboa que viriam de bons olhos o pagamento de uma gratificação pela protecção da capital. A exigência foi aceite, e durante seis meses, Junot recebeu 16 contos e 800 mil réis, enquanto o general Delaborde recebeu 4 contos.
Para a época isto representava uma quantia milionária que lhes permitia "viver à grande e à francesa".
Outras expressão da época das invasões francesas:
Ficar a ver navios
Com a intenção de prender Dom João, o general Junot entrou em Portugal e em marcha forçada tentou chegar a Lisboa, mas o príncipe regente e a Corte portuguesa já tinham embarcado rumo ao Brasil.
Junot terá ficado no alto de Santa Catarina, em Lisboa, a ver os navios a passar a barra do Tejo.
Outra versão para a mesma expressão terá origem na esperança de ver o rei Dom Sebastião um dia voltar, para isso multidões juntavam-se no alto de Santa Catarina a ver os navios que chegavam, confiantes no regresso do rei.
Ir para o maneta
Henri Loison era um general francês que durante as invasões a Portugal exercia uma repressão impiedosa.
Tinha perdido o braço esquerdo num acidente de caça e logo recebeu a alcunha de "o maneta", ser alvo da sua repressão era coisa que ninguém desejava, logo a expressão ir para o maneta.
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quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Olhos de lince
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Ter "olhos de lince" significa que uma pessoa vê muito bem, que tem uma visão apurada. Porem, esta expressão não tem nada a ver com este felino, tem a sua origem na mitologia grega.
Conta a lenda, que Linceu, piloto da expedição dos "argonautas", grupo composto por 56 heróis da mitologia grega, embarcaram no navio Argo para conquistar o Tosão de Ouro (a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo), a seu bordo, Linceu tinha uma visão tão apurada que podia ver através de uma parede de pedra o seu interior e os potenciais tesouros escondidos.
Dizia-se então que uma pessoa que tinha uma excelente visão, que tinha "olhos de Linceu". Foi a confusão entre Linceu e o nome do felino, lince, que na linguagem popular, provocou a criação da expressão "ter olhos de lince".
Trata-se portanto de um parónimo, isto é palavras de significado diferente, mas de forma parecida na pronúncia e na escrita.
O lince apesar de possuir capacidades visuais cerca de seis vezes mais apuradas do que o ser humano, não tem uma visão excepcional para um animal nocturno, na caça utiliza a percepção de movimentos e sobretudo a sua audição muito apurada.
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Ter "olhos de lince" significa que uma pessoa vê muito bem, que tem uma visão apurada. Porem, esta expressão não tem nada a ver com este felino, tem a sua origem na mitologia grega.
Conta a lenda, que Linceu, piloto da expedição dos "argonautas", grupo composto por 56 heróis da mitologia grega, embarcaram no navio Argo para conquistar o Tosão de Ouro (a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo), a seu bordo, Linceu tinha uma visão tão apurada que podia ver através de uma parede de pedra o seu interior e os potenciais tesouros escondidos.
Dizia-se então que uma pessoa que tinha uma excelente visão, que tinha "olhos de Linceu". Foi a confusão entre Linceu e o nome do felino, lince, que na linguagem popular, provocou a criação da expressão "ter olhos de lince".
Trata-se portanto de um parónimo, isto é palavras de significado diferente, mas de forma parecida na pronúncia e na escrita.
O lince apesar de possuir capacidades visuais cerca de seis vezes mais apuradas do que o ser humano, não tem uma visão excepcional para um animal nocturno, na caça utiliza a percepção de movimentos e sobretudo a sua audição muito apurada.
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quinta-feira, 5 de julho de 2012
A partícula de Deus
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O Centro Europeu de Investigação Investigação Nuclear (CERN), perto de Geneva, acabou de revelar a descoberta do bosão de Higgs.
Não se pretende aqui explicar o que é essa partícula, considerada pelos físicos como a chave da estrutura fundamental da matéria que fornece a massa às outras partículas (de acordo com a teoria do "modelo estandarte"), mas explicar porque é que é apelidada de "partícula de Deus".
O prémio Nobel de física, Leon Lederman, escreveu um livro intitulado "The Goddamn particle" ("A maldita partícula"), mas o seu editor americano mudou o nome para "The God particule" ("A particula de Deus"), retirando "damn" por receio que "goddamn" pudesse ser encarado como injurioso.
Assim, a ideia do autor nunca foi atribuir um carácter divino ao bosão de Higgs, mas foi essa expressão que ficou na mente das pessoas.
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O Centro Europeu de Investigação Investigação Nuclear (CERN), perto de Geneva, acabou de revelar a descoberta do bosão de Higgs.
Não se pretende aqui explicar o que é essa partícula, considerada pelos físicos como a chave da estrutura fundamental da matéria que fornece a massa às outras partículas (de acordo com a teoria do "modelo estandarte"), mas explicar porque é que é apelidada de "partícula de Deus".
O prémio Nobel de física, Leon Lederman, escreveu um livro intitulado "The Goddamn particle" ("A maldita partícula"), mas o seu editor americano mudou o nome para "The God particule" ("A particula de Deus"), retirando "damn" por receio que "goddamn" pudesse ser encarado como injurioso.
Assim, a ideia do autor nunca foi atribuir um carácter divino ao bosão de Higgs, mas foi essa expressão que ficou na mente das pessoas.
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quinta-feira, 17 de maio de 2012
Santinho !
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Existe em muitos países o habito de "abençoar" os espirros. Em Portugal utilizamos a palavra "santinho" para alguém que espirra.
Espirrar vem do latim "exspirare", que quer dizer expirar, soprar.
Diz a tradição popular que um espirro é como o Diabo a sair do corpo, por isso a interjeição "santinho" é dita para afastar o Demónio.
Tendo constatado que os mortos deixavam de respirar, pensava-se que a alma era o fôlego, sendo espirro um acto violento de saída de ar de dentro da pessoa, abençoando a pessoa, esperava-se que Deus pudesse ajudá-la e assim preservar a sua vida. Caso contrário, com o espirro a alma ao abandonar o corpo faria com que este fosse invadido por Demónios.
Outra explicação possível, é que durante a Idade Média, apesar dos parcos conhecimentos médicos, havia a noção que o espirro estava frequentemente associado à doença. Devido à falta de meios para curar muitas das doenças existentes, abençoar a pessoa que espirrava garantia assim as "boas sortes" para o enfermo.
Não é por acaso que no Brasil diz-se a alguém que espirra: "Saúde".
Pôr a mão diante da boca ao bocejar.
Da mesma forma, o acto de pôr a mão diante da boca ao bocejar, não está ligado à intenção de boa educação de não mostrar a boca aberta e a arcada dentária, mas sim, mais uma vez, a razões de superstições religiosas.
Este acto tem origem no medo que o Diabo entre na pessoa através da boca.
Da mesma forma, existe ainda o habito de fazer o sinal da cruz diante da boca das crianças após bocejarem. Sendo o índice de mortalidade infantil extremamente elevado na Idade Média, e sendo o bocejo frequente nos recém-nascido, muitos médicos atribuíam a culpa dessa mortalidade ao bocejo.
Não é só na Europa que o bocejo é tapado com a mão para evitar a entrada do Diabo, nos países muçulmanos, o significado é idêntico. Aqui a boca deve ser tapada exclusivamente com a mão direita, e nunca a esquerda, considerada impura. O Profeta terá dito que se deve utilizar a mão direita para comer, beber ou oferecer e a mão esquerda para limpar as coisas sujas. Assim, antes das orações, os muçulmanos fazem a ablução, isto é a lavagem purificadora, com a mão esquerda quando lavam as partes mais intimas ou sujas, e nunca a direita.
Na Índia, pensava-se que os maus espíritos podiam entra pela boca, da mesma forma quando espirram gritam "Rama! Rama!" para afastar os Demónios.
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terça-feira, 20 de março de 2012
Bombordo e Estibordo
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Num expositor no promontório de Sagres, podemos encontrar a explicação de que o nome "bombordo" vem do facto de os navios ao descerem o Atlântico ao longo da costa africana terem à sua esquerda a terra e os respectivos portos, o que portanto seria o "bom bordo". Esta explicação, apesar de sedutora, não resolve o porquê de chamar "estibordo" ao lado direito do navio, onde só existia o mar e o desconhecido.
A explicação é mais complexa. A origem destes nomes vem de uma língua nórdica antiga falada pelos habitantes da Escandinávia na Era Viking: "bakk bord" e "styr bord", onde "styr" significa "leme" e "bakk" "costas" e "bord" "lado".
Até à Idade Média o leme de uma embarcação estava situado no lado esquerdo para poder ser manipulado mais facilmente dado que a maioria das pessoas são destras. Assim "estibordo" é o lado do leme e "bom bordo" o bordo da embarcação que se encontra nas costas do timoneiro.
Os termos foram evoluído e chegaram à velha língua holandesa como "stierboord" e "bakboord". Mais tarde, no século XV a França adopta as palavras transformando-as em "bâbord" e "tribord". O acento circunflexo no "a" deve-se ao facto de, até ao século XVII, evitar a confusão com "bas-bord", bordo inferior.
Noutras línguas os nomes evoluíram da mesma maneira: temos em italiano "babórdo" e "stribordo" e em espanhol "babor" e "estribor".
Na língua inglesa, designa-se o bombordo pela palavra "port" que quer dizer "porto" porque é o lado que convencionalmente é usado para atracar um navio ao porto para que seja carregado com mercadorias e evitar assim que o leme fosso esmagado, o estibordo designa-se de "starboard".
Como últimas curiosidades, a luz colocada à esquerda de um navio é vermelha e à direita verde. A numeração de compartimentos, quando o último algarismo é par, refere-se a um espaço a bombordo, quando é ímpar, a estibordo.
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Num expositor no promontório de Sagres, podemos encontrar a explicação de que o nome "bombordo" vem do facto de os navios ao descerem o Atlântico ao longo da costa africana terem à sua esquerda a terra e os respectivos portos, o que portanto seria o "bom bordo". Esta explicação, apesar de sedutora, não resolve o porquê de chamar "estibordo" ao lado direito do navio, onde só existia o mar e o desconhecido.
A explicação é mais complexa. A origem destes nomes vem de uma língua nórdica antiga falada pelos habitantes da Escandinávia na Era Viking: "bakk bord" e "styr bord", onde "styr" significa "leme" e "bakk" "costas" e "bord" "lado".
Até à Idade Média o leme de uma embarcação estava situado no lado esquerdo para poder ser manipulado mais facilmente dado que a maioria das pessoas são destras. Assim "estibordo" é o lado do leme e "bom bordo" o bordo da embarcação que se encontra nas costas do timoneiro.
Os termos foram evoluído e chegaram à velha língua holandesa como "stierboord" e "bakboord". Mais tarde, no século XV a França adopta as palavras transformando-as em "bâbord" e "tribord". O acento circunflexo no "a" deve-se ao facto de, até ao século XVII, evitar a confusão com "bas-bord", bordo inferior.
Noutras línguas os nomes evoluíram da mesma maneira: temos em italiano "babórdo" e "stribordo" e em espanhol "babor" e "estribor".
Na língua inglesa, designa-se o bombordo pela palavra "port" que quer dizer "porto" porque é o lado que convencionalmente é usado para atracar um navio ao porto para que seja carregado com mercadorias e evitar assim que o leme fosso esmagado, o estibordo designa-se de "starboard".
Como últimas curiosidades, a luz colocada à esquerda de um navio é vermelha e à direita verde. A numeração de compartimentos, quando o último algarismo é par, refere-se a um espaço a bombordo, quando é ímpar, a estibordo.
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Salamaleque
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Na língua portuguesa utiliza-se o termo "salamaleques" para definir um tratamento ou um comprimento exagerado com excesso de cuidados. Por exemplo, diz-se de um pessoa que está "cheia de salamaleques".
Esta expressão teve origem no cumprimento árabe السلام عليكم "As-Salamu Alaikum" que quer dizer "que a paz esteja convosco". É sempre usada no plural, mesmo quando dirigida a apenas uma pessoa, porque destina-se à pessoa em questão e aos seus anjos guardiões.
A resposta será و عليكم السلام "Wa Alaikum As-Salaam"que significa "e que a paz esteja também esteja convosco".
A saudação verbal é muitas vezes feita enquanto se curva o tronco e se toca a testa com a mão direita. O comprimento e a complexidade da frase de saudação, assim como a linguagem gestual, terão parecido demasiados exagerados aos olhos dos ocidentais que os terão visto como um excesso de cortesia. Assim das pessoas que adoptam um cumprimento demasiado cerimonioso diz-se que "estão cheias de salamaleques".
Esta reverência profunda entre os árabes é o comprimento dos que professam a fé islâmica e na maioria dos casos acompanha-se actualmente com um simples aperto de mãos. Esse aperto de mãos é bastante suave e pode ser ligeiramente demorado, o que representa então um gesto franco e de amizade, depois a mão esquerda pode ser colocada junto ao coração. Em algumas formas mais tradicionalistas pode-se beijar as duas faces.
O islamismo proíbe qualquer contacto, o beijo ou o aperto de mão, entre um homem e uma mulher que não sejam casados.
Depois do cumprimento poderão ser trocadas palavras lisonjeiras de cariz religioso "inshallah" que quer dizer "se Deus quiser" e que originou em português a expressão "Oxalá".
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Bacanal
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Um bacanal é uma orgia sexual praticada com diversas pessoas. O nome tem origem num antigo ritual pagão em honra ao deus romano Baco, chamado de Dionísio pelos gregos.
Dionísio era filho de Zeus e da princesa Semele, foi o único deus olimpiano filho de um mortal. É deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho e da insânia.
Os ritos religiosos dedicados a Dionísio eram conhecidos como os Mistérios Dionisíacos onde era usado o vinho para para induzir transes que erradicavam as inibições. As mulheres que participavam nestes rituais imitavam a conduta das Ménades. Executavam danças frenéticas, extáticas, muitas das vezes em volta da imagem de Dioniso.
Essas mulheres, consideradas sacerdotisas, dançavam semi-nuas, vestidas apenas com peles de leão. Durante esses rituais, em que no início apenas as mulheres eram admitidas e com o tempo os homens também puderam participar, o estado de êxtase absoluto conduzia frequentemente a derramamento de sangue, autoflagelação e sexo. Essas mulheres eram conhecidas como bacantes.
As bacantes eram mulheres de origem patrícia, escolhidas entre elas as de mais ilibada reputação, pois as práticas da orgia religiosa constituíam não uma imoralidade, mas um acto de comunhão com a divindade.
Inicialmente, no culto tradicional, existia uma divisão nas práticas sexuais orientadas pela divisão social vigente em Roma. Por exemplo: uma mulher da nobreza seguia um ritual bem definido, esfregava o seu corpo num escravo (geralmente alguém exótico para os padrões estéticos romanos) promovendo veementes carícias, praticava a felação com um membro da classe intermédia e por fim a cópula era restrita a alguém de igual posição social.
As reuniões eram inicialmente secretas durante três dias do ano, praticadas durante a noite, num ambiente privado e em que os seus participantes tinham o dever de guardar segredo sobre as práticas a que se entregavam. O mais alto grau da perfeição báquica era considerar que nada era vedado pela moral.
Denuncias caluniosas, testamentos falsos, envenenamento, desaparecimento de homens e mulheres eram sempre o saldo das festas orgíacas. Em 186 a.c., o Senado Romano proíbe estas festas, as bacanais, por causarem desordens e escândalos. Estas festas eram as mais importantes na Roma antiga a par das saturnais.
Esta proibição implicava para quem a desrespeitasse a pena capital, mas apesar dessa providência, os devotos continuaram a celebrar os ritos de Baco em bacanais mais ou menos clandestinos. De qualquer forma, nunca deixou de existir a festa pública celebrada todos os anos a 16 de março, chamada Liberalia. Liber era também o nome latino de Baco.
Por fim, o desenvolvimento do Teatro Grego teve origem no culto prestado a Dioniso em Atenas. O festival principal, no qual as tetralogias em competição (três tragédias e uma sátira) eram executadas, era conhecido como Dionisía Urbana. Os actores das peças executadas em honra de Dioniso usam máscaras, símbolos da submersão da sua identidade na de um outro.
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Um bacanal é uma orgia sexual praticada com diversas pessoas. O nome tem origem num antigo ritual pagão em honra ao deus romano Baco, chamado de Dionísio pelos gregos.
Dionísio era filho de Zeus e da princesa Semele, foi o único deus olimpiano filho de um mortal. É deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho e da insânia.
Os ritos religiosos dedicados a Dionísio eram conhecidos como os Mistérios Dionisíacos onde era usado o vinho para para induzir transes que erradicavam as inibições. As mulheres que participavam nestes rituais imitavam a conduta das Ménades. Executavam danças frenéticas, extáticas, muitas das vezes em volta da imagem de Dioniso.
Essas mulheres, consideradas sacerdotisas, dançavam semi-nuas, vestidas apenas com peles de leão. Durante esses rituais, em que no início apenas as mulheres eram admitidas e com o tempo os homens também puderam participar, o estado de êxtase absoluto conduzia frequentemente a derramamento de sangue, autoflagelação e sexo. Essas mulheres eram conhecidas como bacantes.
As bacantes eram mulheres de origem patrícia, escolhidas entre elas as de mais ilibada reputação, pois as práticas da orgia religiosa constituíam não uma imoralidade, mas um acto de comunhão com a divindade.
Inicialmente, no culto tradicional, existia uma divisão nas práticas sexuais orientadas pela divisão social vigente em Roma. Por exemplo: uma mulher da nobreza seguia um ritual bem definido, esfregava o seu corpo num escravo (geralmente alguém exótico para os padrões estéticos romanos) promovendo veementes carícias, praticava a felação com um membro da classe intermédia e por fim a cópula era restrita a alguém de igual posição social.
As reuniões eram inicialmente secretas durante três dias do ano, praticadas durante a noite, num ambiente privado e em que os seus participantes tinham o dever de guardar segredo sobre as práticas a que se entregavam. O mais alto grau da perfeição báquica era considerar que nada era vedado pela moral.
Denuncias caluniosas, testamentos falsos, envenenamento, desaparecimento de homens e mulheres eram sempre o saldo das festas orgíacas. Em 186 a.c., o Senado Romano proíbe estas festas, as bacanais, por causarem desordens e escândalos. Estas festas eram as mais importantes na Roma antiga a par das saturnais.
Esta proibição implicava para quem a desrespeitasse a pena capital, mas apesar dessa providência, os devotos continuaram a celebrar os ritos de Baco em bacanais mais ou menos clandestinos. De qualquer forma, nunca deixou de existir a festa pública celebrada todos os anos a 16 de março, chamada Liberalia. Liber era também o nome latino de Baco.
Por fim, o desenvolvimento do Teatro Grego teve origem no culto prestado a Dioniso em Atenas. O festival principal, no qual as tetralogias em competição (três tragédias e uma sátira) eram executadas, era conhecido como Dionisía Urbana. Os actores das peças executadas em honra de Dioniso usam máscaras, símbolos da submersão da sua identidade na de um outro.
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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Bolo-Rei
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Curioso bolo este que tem nome de rei e uma história conturbada.
A primeira casa onde foi vendido foi na Confeitaria Nacional, em Lisboa, que fica na rua Betesga, que liga o Rossio à Praça da Figueira, fundada em 1829. Terá sido Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior que trouxe a receita do Bolo-Rei de Paris.
Com a proclamação da República, em 1910, o bolo por ter a palavra rei, símbolo do poder supremo, tinha de desaparecer ou mudar de nome. Passou a chamar-se de bolo de Natal ou bolo de Ano Novo. Alguns propunham chama-lo de bolo Nacional, uma alusão ao nome da confeitaria onde foi inicialmente fabricado.
Os republicanos queriam que o bolo se chama-se bolo Presidente, e alguns até bolo Arriaga, primeiro presidente eleito da República Portuguesa.
O Bolo-Rei tem origem francesa e já existia na idade média, era o "Gâteau des Rois", semelhante ao nosso, no sul da França. Existe outro bolo também chamado de "Galette des Rois", no norte do país, e que não tem nada a ver com nosso, é feito de massa folhada por vezes recheoda de creme.
Em 1711, em França, como a fome alastrava, o seu fabrico foi proibido para poder utilizar a farinha apenas para fabricar pão. Só em Paris é que essa proibição foi respeitada. Em 1789 com a revolução, o bolo teve o mesmo problema que em Portugal, queriam mudar o nome para "Galette de l'égalité" ("Bolo da Igualdade").
Durante as festas Saturninas, de fim de dezembro a princípio de janeiro, os romanos organizavam um banquete no qual procediam à eleição do Rei da festa utilizando uma fava. O eleite era rei durante um dia e podia realizar todos os seus desejos.
O Bolo-Rei existe em numerosos países, na Catalunha é chamado de "Tortell", no resto da Espanha de "Roscón", no Estados Unidos de "King Cake" e no México de "Rosca".
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Feira da Ladra
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A origem da Feira da Ladra remonta à fundação da nacionalidade e teve números locais, mas o que mais intriga é o seu nome, não se tendo chegado a uma conclusão definitiva.
No início, no século XII, chamava-se "Mercado Franco de Lisboa" e situava-se junto ao Castelo de São Jorge, na muralha sul. Tratava-se, nessa altura, de um mercado que se realizava à terça-feira. Em 1430 passou a efectuar-se no Rossio. Após o terramoto de 1755, dado que o Rossio foi sujeito a obras, passou, em 1809, para a Praça da Alegria.
Em 1823 fixa-se no Campo Sant'Ana e em 1882 é transferida para o Campo de Santa Clara, o seu local actual. Em 1903, além das terças-feiras é-lhe conferido mais um dia, ao sábado.
Com o passar dos tempos, esta
feira foi perdendo as características que a assemelhavam aos mercados passando a
concentrar-se sobretudo no negócio de artigos velhos e usados.
Um das hipóteses mais comum para explicar o nome "ladra" seria devida ao facto de os objectos vendidos terem sido roubados, no entanto, dado tratar-se inicialmente de um mercado, esta teoria não faz muito sentido.
Alguns investigadores, como Pinho Leal, atribuem a nome como derivado de "lada" que significaria no português antigo "margem do rio", na altura em que estava instalada às portas do mar, na Ribeira Velha no margem direita do Tejo.
Contudo, Alberto Pimentel refuta esta teoria. Segundo ele, a Feira da Ladra nunca esteve na margem do Tejo, sendo a feira que lá se realizava de bens de primeira necessidade, nada tendo a ver com a que se realizava no Rossio às Terças-Feiras.
O nome de "Feira da Ladra" pode ter tido origem nas feiras francesas existentes sobretudo em Paris, na idade média, que tinham por nome "Saint-Ladre", nome derivado de "Saint-Lazare".
Por fim, muitos investigadores da língua árabe pensam que a origem do nome pode dever-se ao facto da existência no local duma estátua de nossa Senhora que em árabe tem o nome de "Al Hadra" ("a virgem"), que com o tempo foi-se aportuguesando.
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Feira da Ladra no Campo de Santa Clara |
A origem da Feira da Ladra remonta à fundação da nacionalidade e teve números locais, mas o que mais intriga é o seu nome, não se tendo chegado a uma conclusão definitiva.
No início, no século XII, chamava-se "Mercado Franco de Lisboa" e situava-se junto ao Castelo de São Jorge, na muralha sul. Tratava-se, nessa altura, de um mercado que se realizava à terça-feira. Em 1430 passou a efectuar-se no Rossio. Após o terramoto de 1755, dado que o Rossio foi sujeito a obras, passou, em 1809, para a Praça da Alegria.
Em 1823 fixa-se no Campo Sant'Ana e em 1882 é transferida para o Campo de Santa Clara, o seu local actual. Em 1903, além das terças-feiras é-lhe conferido mais um dia, ao sábado.
Um das hipóteses mais comum para explicar o nome "ladra" seria devida ao facto de os objectos vendidos terem sido roubados, no entanto, dado tratar-se inicialmente de um mercado, esta teoria não faz muito sentido.
Alguns investigadores, como Pinho Leal, atribuem a nome como derivado de "lada" que significaria no português antigo "margem do rio", na altura em que estava instalada às portas do mar, na Ribeira Velha no margem direita do Tejo.
Contudo, Alberto Pimentel refuta esta teoria. Segundo ele, a Feira da Ladra nunca esteve na margem do Tejo, sendo a feira que lá se realizava de bens de primeira necessidade, nada tendo a ver com a que se realizava no Rossio às Terças-Feiras.
O nome de "Feira da Ladra" pode ter tido origem nas feiras francesas existentes sobretudo em Paris, na idade média, que tinham por nome "Saint-Ladre", nome derivado de "Saint-Lazare".
Por fim, muitos investigadores da língua árabe pensam que a origem do nome pode dever-se ao facto da existência no local duma estátua de nossa Senhora que em árabe tem o nome de "Al Hadra" ("a virgem"), que com o tempo foi-se aportuguesando.
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