A curiosa origem das palavras e expressões utilizadas no nosso dia a dia.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Matrioshka

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Matrioshka é um brinquedo tradicional da Rússia constituído por um conjunto de bonecas ocas de tamanhos decrescentes colocadas uma dentro de outra.


O nome Matrioshka é o diminutivo do nome Matryona, que era um nome muito popular entre as camponesas na Rússia antigo.


Algumas fontes dizem que o nome Matryona possui a raiz latina, "mater", que significa "mãe" e portanto esta boneca simboliza maternidade e fertilidade.


Estas bonecas russas são analisadas por especialistas como uma espécie de metáfora para a manutenção da vida, na forma de figuras que vão gerando umas às outras. Partindo da bisavó, passando pela avó, depois a mãe, em seguida a filha e, por fim a neta.


A forma é simples, mais ou menos cilíndrica e arredondada e mais estreita na parte superior, onde se situa a cabeça.


O número de figuras que se consegue encaixar é, geralmente de 6 ou 7, mas existem algumas com um número muito maior. Em 1913, o entalhador Nicolai Bulytchev bateu um recorde original confeccionando uma Matrioshka com 48 peças.


Habitualmente, são pintadas com figuras femininas vestidas com trajes tradicionais campesinos, mas também existem com figuras de contos de fadas, e até mais recentemente com antigos lideres da União Soviética.


Na Sérvia, a versão feminina é chamada de Babuchka (avózinha) e a versão masculina de Dyeduchka (avozinho).


As Matrioshkas surgiram em 1890, o primeiro torneiro que as criou foi Zvezdochkin, e o primeiro que as pintou foi Sergei Maliutin, que trabalhava como pintor numa oficina de artesanato em Abramtsevo, numa fabrica que pertencia ao rico industrial Mamontov.


Em 1900, a esposa de Mamontov, levou as bonecas para serem apresentadas na Exposição Mundial em Paris e este brinquedo ganhou uma medalha de bronze. Logo, muitos outros lugares na Rússia começaram a confeccionar Matrioshkas.


Pensa-se que estas bonecas foram inspiradas num jogo de bonecos de madeira de origem japonesa que representava "Shichi-fuku-jin" (os Sete Deuses da Fortuna), com um formato parecido.


Outros pensam que terão sido inspiradas no bondoso sábio budista Fukurama, representado com várias estatuetas, umas dentro das outras, que a nóra de Mamontov terá trazido do Japão.


Existem actualmente dois museus dedicados às Matrioshkas, um em Moscovo e outro em Serguiev Posad.




Existe uma lenda russa que conta a origem da Matrioshka:


Era uma vez em virtuoso carpinteiro russo chamado Serguei, que ganhava a vida talhando belos objectos de madeira: instrumentos musicais, brinquedos… Todas as semanas, ele enfrentava o frio do bosque para buscar madeira e assim construir novos objectos.


Uma certa manhã ao sair para recolher a madeira, ele encontrou o campo todo coberto de uma grossa capa de neve. À noite havia sido difícil. Ele rezou. Toda a madeira que ele encontrava no caminho estava húmida e só lhe servia para fazer fogo.


Abatido pelo cansaço, ele decidiu voltar à sua casa e tentar a sorte no dia seguinte. Quando ele estava dando meia volta, chamou-lhe a atenção um tronco de madeira esplêndido, o mais belo que ele havia visto em toda a sua vida. Rápido como um raio ele voltou ao seu estúdio, porém vários dias se passaram até ele decidir o que talhar. Finalmente, decidiu fazer uma preciosa boneca.


Era tão bonita, que decidiu não vendê-la para lhe fazer companhia. “Você se chamara Matrioskadisse ele à figura inerte. Cada manhã, ao levantar-se ele falava com sua companheira. “Bom dia, Matrioska” . Um dia, ela respondeu-lhe: “Bom dia Serguei”. O carpinteiro surpreendeu-se, porém ao invés de sentir medo ele sentiu-se feliz por ter alguém com quem conversar.


Com o tempo, o carpinteiro percebeu que Matrioska estava triste e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Ela respondeu-lhe que via que todo mundo tinha um filho ou uma filha e ela desejava ter um. “Terei que te abrir e isso será doloroso” – respondeu Serguei.  E ela disse: “Na vida, as coisas importantes requerem um pequeno sacrifício”. E sem pensar  duas vezes ele talhou uma réplica, menor e lhe chamou de Trioska. Ela já não se sentia mais sozinha.


O instinto maternal apoderou-se também de Trioska e Serguei concordou que está também teria um filho, que se chamaria Oska. Mas Oska também queria um decendente. O carpinteiro contou que dessa vez a madeira poderia originar uma boneca má. Oska não desistiu.


Após pensar, ele talhou um boneco, bem pequeno e com bigode e batizou-o de Ka. Colocou-o em frente ao espelho e disse: “Você é um homem, não pode ter filhos!


Então colocou Ka dentro de Oska. A Oska dentro da Trioska e a Trioska dentro da Matrioska.


Um dia, misteriosamente, Matrioska desapareceu com toda a sua família dentro e Serguei ficou desolado.





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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Esperteza saloia

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"Esperteza saloia" significa agir de forma manhosa e velhaca.


"Esperteza" vem do latim "expertus" significa que deu provas, em latim medieval "expergitus" referia-se a acordado. Uma pessoa esperta é, por isso, aquela que, por não estar nem a dormir, nem com sono, se apercebe de tudo o que se passa à sua volta.


A palavra "esperta" acabou por significar em português o sentido de inteligente, perspicaz, arguto e no sentido figurado de finório.


"Saloio" designa o habitante natural das zonas rurais do início do século XX em volta de Lisboa, a região saloia. Instalados nas regiões circundantes de Lisboa, os mouros praticavam as "salah", palavra que designa a oração islâmica, sendo em número de cinco diária.


Os que praticavam as "salah" passaram a ser chamados de saloios que viviam da agricultura. Estes aldeões, sem grande instrução, temiam ser enganados pelos da cidade, os "alfacinhas", por isso recorriam sempre a diversas artimanhas para não se deixarem levar.


Estas manobras eram tão simples e tão ingénuas, que frequentemente eram logo desmascarados. A expressão "esperteza saloia" tornou-se depreciativa, sendo aqueles que se julgam mais espertos que os outros.


"Alfacinha" é o diminutivo de "alface", planta hortense e indispensável nas saladas. Tem origem na palavra árabe "Al-Hassa", trazida pelos árabes durante a invasão dos mouros.


Por serem grandes consumidores de alface, os lisboetas foram apelidados de alfacinhas. Esta planta, além de ser utilizada para fins culinários, também era utilizada como planta medicinal.





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